Integração de Safety I e Safety II: rumo a um futuro mais seguro

Tempo de leitura: 4 minutos

Tradicionalmente, a segurança tem sido dominada por uma abordagem reativa, conhecida como Safety I, que se baseia em controlar os perigos e em evitar falhas. No entanto, nos últimos anos surgiu um novo paradigma: Safety II, uma metodologia proativa que procura aprender com os êxitos e promover a resiliência nas equipas de trabalho. Um estudo recente explora ambas as abordagens na indústria da construção (ainda que extrapolável para os restantes setores) e oferece-nos uma visão sobre como integrá-las para criarmos um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente.

Safety I: uma abordagem reativa

A Safety I é a metodologia tradicional que norteou a segurança durante décadas. Centra-se, sobretudo, na identificação de perigos e riscos no local de trabalho e, a partir daí, no estabelecimento de controlos para prevenir acidentes. À luz desta abordagem, os erros e os acidentes são considerados falhas do sistema que devem ser eliminadas ou controladas. Entre as suas principais caraterísticas, encontram-se:

  • Identificação de perigos: A Safety I baseia-se na deteção dos riscos associados às tarefas e aos equipamentos e na aplicação de medidas de controlo para minimizar o seu impacto.
  • Normas e protocolos rigorosos: Esta abordagem permite definir claramente os procedimentos a seguir, o que assegura que os colaboradores tenham um guia claro das ações seguras que devem realizar.
  • Ações corretivas: Quando ocorre um acidente ou se deteta um incidente próximo, analisa-se o problema para eliminar as causas de raiz.

Embora esta abordagem tenha sido crucial para melhorar a segurança, apresenta várias limitações. A Safety I tende a centrar-se unicamente na prevenção dos erros, o que pode levar a uma cultura de culpabilidade, onde os trabalhadores receiam reportar incidentes por medo de represálias. Além disso, costuma tratar os acidentes como eventos isolados, sem abordar as causas sistémicas subjacentes que os causam.

Safety II: uma abordagem proativa e resiliente

Com o avanço da tecnologia e da crescente complexidade dos projetos, reconheceu-se que a abordagem Safety I não é suficiente para enfrentar todos os desafios. É aqui que entra em ação a Safety II, um conceito mais recente que se centra no que corre bem, e não apenas no que corre mal. Esta abordagem procura promover a resiliência e a capacidade de adaptação das equipas a situações imprevistas. As suas principais caraterísticas são:

  • Aprender com o êxito: Em vez de se centrar apenas nas falhas, a Safety II promove a aprendizagem com as atividades diárias que são executadas com sucesso, procurando replicá-las e potenciá-las.
  • Adaptabilidade e flexibilidade: a Safety II reconhece que os ambientes são dinâmicos e que os trabalhadores enfrentam situações inesperadas. Esta abordagem incentiva as organizações a serem mais flexíveis e a adaptarem-se às mudanças.
  • Colaboração e melhoria contínua: Promove uma cultura de abertura, onde os trabalhadores participam ativamente na identificação de melhorias e soluções.

A Safety II valoriza o trabalhador não só como um executor de tarefas, mas também como um ativo determinante na segurança, capaz de detetar problemas e de propor soluções antes que ocorram incidentes. Além disso, reforça a ideia de que a segurança não consiste apenas em evitar acidentes, mas também em criar condições que promovam o êxito constante nas operações diárias.

Porquê integrar a Safety I e a Safety II?

O artigo destaca que ambas as abordagens têm pontos fortes significativos. No entanto, o segredo para melhorar a segurança reside em integrar ambas as abordagens, aproveitando o melhor de cada uma. Em seguida, exploramos as razões pelas quais esta integração é necessária:

  1. Uma abordagem integral para a segurança: Enquanto a Safety I proporciona um quadro regulamentar e focado no cumprimento de normas, a Safety II acrescenta a flexibilidade necessária para se adaptar a situações imprevistas e aproveitar o conhecimento da equipa humana. Esta integração permite não só prevenir acidentes, como antecipar-se aos mesmos através da adaptação contínua.
  2. Melhoria do desempenho organizacional: a Safety II promove a proatividade, o que ajuda a evitar problemas antes que surjam, enquanto a Safety I continua a proporcionar as bases para a prevenção de incidentes críticos. Juntas, permitem uma gestão de riscos mais equilibrada e eficaz, o que reduz as perdas económicas e humanas.
  3. Cultura de segurança positiva: A abordagem baseada nos êxitos de Safety I promove uma cultura de aprendizagem contínua e de colaboração, em vez de uma cultura de culpabilidade e de sanções. Tal melhora o compromisso dos trabalhadores e a sua disposição para participarem ativamente na segurança.

Estratégias para a integração de Safety I e Safety II

A integração destas duas abordagens requer uma estratégia clara e uma planificação adequada. Em seguida, apresentamos algumas recomendações-chave baseadas na análise do artigo:

  1. Estabelecer um equilíbrio entre regulamentação e flexibilidade: É essencial que as organizações mantenham o cumprimento das normas de segurança estabelecidas (Safety I), mas que também sejam capazes de se adaptar às mudanças do ambiente laboral (Safety II). Isso implica definir quando é necessário seguir protocolos rigorosos e quando se pode dar mais margem à capacidade de adaptação da equipa.
  2. Promover uma cultura de aprendizagem contínua: Criar uma cultura organizacional onde se valorize tanto o êxito como o erro. As reuniões regulares de segurança, onde se discutem tanto os incidentes como as boas práticas, são essenciais para implementar esta filosofia.
  3. Envolver os trabalhadores na tomada de decisões: Os trabalhadores são uma fonte determinante de informação sobre o que realmente acontece no terreno. Envolvê-los na planificação e na revisão de procedimentos permite obter uma visão mais completa e realista dos riscos e oportunidades de melhoria.
  4. Capacitação e formação dual: Oferecer formação que combine os ensinamentos tradicionais da Safety I (procedimentos, normas, uso de EPI) com as capacidades de adaptação e resolução de problemas que a Safety II promove. Tal empodera os trabalhadores para atuarem de forma segura, mesmo em situações inesperadas.
  5. Monitorização constante e uso de tecnologia: Integrar tecnologia como sensores, análise de dados em tempo real e simulações de realidade virtual para antecipar riscos e melhorar a tomada de decisões, aproveitando os princípios de ambas as abordagens.

Conclusão: Um futuro seguro baseado na colaboração

A indústria da construção enfrenta um desafio: combinar as abordagens reativas e proativas para construir um ambiente laboral mais seguro e resiliente. A integração de Safety I e Safety II não só melhorará a prevenção de acidentes, como permitirá às empresas adaptarem-se aos desafios futuros de forma mais eficiente.

Afinal de contas, a segurança não deve ser vista unicamente como uma série de normas a cumprir, mas sim como um processo dinâmico de melhoria contínua, onde os trabalhadores e as empresas colaboram para criar ambientes laborais cada vez mais seguros. Ao integrar o melhor de ambas as abordagens, não só se minimizam os riscos, como se promove uma cultura de segurança centrada na aprendizagem, na resiliência e no êxito.

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